quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Será mesmo o segredo a alma do negócio?



Numa altura em que a diplomacia americana sofre a sua maior vexação pública de que há memória com a publicação de informações classificadas no site Wikileaks, julgo ser oportuno reflectir sobre o valor do segredo e o peso da verdade dita às claras. Se é certo que só os malucos dissem tudo o que sabem e lhes vem à cabeça é igualmente válido creio afirmar que só os neuróticos guardam tudo para si com receio de partilhar a mais mínima informação. Regra geral as pessoas, empresas e Estados tendem a classificar as informações por níveis de importância, o que já em si cria problemas e mal-entendidos consciente de que uma mesma questão pode ser insignificante para uma pessoa mas crucial para uma outra e não falo do segredo corriqueiro do marido que engana a mulher e que claro está o visado é sempre o último a saber.
Sinceramente acredito que mais vale ser honesto ou simplesmente não mencionar o assunto do que mentir, por um lado é muito mais fácil manter uma verdade do que lembrar todas as petas contadas, por outro a Verdade liberta os espíritos, além de que desarma à partida qualquer tentativa de algum delator nos prejudicar. Imaginem só, o lambe-botas da empresa afirmar com voz grave: Patrãozinho mais lindo dos meus olhos, temo ter de o informar que o Silva acha que o senhor doutor é um idiota da pior espécie, ao que o patrão responderá entre suspiros: sim eu sei ele já teve a amabilidade de me informar.
É terapeutico! Ando angustiado porque não sei como pagar uma dívida e claro está se contar que não tenho um pataco em meu nome a opinião pública irá julgar-me um pé rapado, no entanto se me decidir a contar ao meu credor que não há forma de lhe restituir o dinheiro, alivio a minha alma e passo o problema para outro, agora o problema já não é meu, o credor é que vai ficar a pensar no dinheiro que perdeu.
Agora à sério, a transparência moderada é uma boa política, aligeira a pressão dos midia ou benchmarketing, se o meu adversário acreditar que não há muito mais para saber do que já foi dito e que não estou a esconder nada deixará de me perseguir constantemente, embora demasiada transparência seja igualmente suspeita, como disse no inicio deste artigo só os malucos é que dissem tudo e claro está, ao dizer as suas verdadeiras intenções ganha-se pontos no sector da credibilidade tão necessária no dia-a-dia.
Termino com a referência à quadra do poeta António Aleixo: Para a mentira ser segura/ e atingir profundidade/ tem de trazer à mistura/ qualquer coisa de verdade. Afinal até é possível falar verdade a mentir...

sábado, 27 de novembro de 2010

O que significa mudar?



Tudo muda à nossa volta ainda que disso não nos apercebamos é uma constante mudança, células que morrem e regeneram-se, cabelos que embranquecem com o passar dos anos, opiniões que se moderam ou se extremam, todo o mundo é composto de mudança na frase magistral de Camões.
Mas o que significa verdadeiramente mudar? Consultando o dicionário veremos que se trata de alterar algo ou substituir alguma coisa, ou seja um corte com o passado. Sim, é precisamente isso que os radicais da mudança apregoam: Vamos derrubar tudo para reconstruir. E eu pergunto: Reconstruir baseado em quê?
Toda a mudança faz-se na base da oposição, isto é, eu não estou feliz com algo portanto vou arranjar uma alternativa que se oponha a esse algo, no entanto essa alternativa não tem de ser necessariamente o contrário da primeira e esse é o ponto fulcral deste artigo. Parafraseando um antigo aforismo cabalistico "se sempre semeares como semeaste até agora colherás o que sempre colheste".
Mudança a meu ver significa adaptação, tal como disse no post anterior, toda a caminhada dos seres vivos faz-se rumo à evolução, mesmo que eu nada faça o mundo não pára, o meu corpo não deixa de se modificar nem a natureza de se regenerar, tudo pede evolução. Do nada, nada pode ser criado, como tal toda a mudança parte de um pressuposto ou de uma realidade que se mostre ineficaz, imcompleta ou obsoleta sendo necessário adaptá-la às novas exigências da Vida. Para perguntas novas são necessárias novas respostas ainda que derivadas de outras mais antigas que se mostrem ser inadequadas no momento presente. Aceite a mudança como parte integrante do seu dia-a-dia e deixará de a temer, não se feche a inovações (se mudar significar adaptar-se será melhor chamar-lhe Inovação)que se podem mostrar muito proveitosas a diversos níveis tornando-o num Ser Humano melhor nem negue a si mesmo o direito de ser feliz só porque tem medo do que desconhece, quem não arrisca não petisca.
A grande questão creio, será saber distinguir a priori se uma mudança será boa ou má, isto é, se será vantajosa para a Evolução. À falta de melhor forma de distinguir entre as duas, desconfio de toda a mudança radical que implique pôr tudo o que julgo saber em causa modificando totalmente a minha concepção do mundo perguntando tal como o príncipe de Falconeri: tudo deve mudar para que tudo fique como está?
Contudo há uma mudança radical na qual eu não consigo deixar de acreditar. A mudança de atitude pregada por Jesus de Nazaré há mais de 2000 anos no Sermão da Montanha.

domingo, 14 de março de 2010

Melhora a tua ferramenta.




Desde os tempos mais remotos o ser humano teve o engenho de criar utensílios a partir de pedras. Ao contrário dos outros primatas que apenas utilizam paus e pedras para um caso fortuito, os homínideos transformaram esses objectos líticos melhorando-os e guardando-os para uma posterior utilização, o que se compreende pelo tempo e esforço dispendido na sua manufactura através da arqueologia experimental.

Do simples calhau rolado até ao magnifico biface vão uns bons milénios, sim, leram bem, milénios. O que aconteceu? Os nossos antepassados compreenderam que era muito mais vantajoso criar um artefacto que incluísse as utilidades de cortar, burilar, espetar, esmagar e descarnar em lugar de criar objectos específicos para cada necessidade, o biface é se assim quisermos, o canivete-suíço da Pedra Lascada.

Ontem como hoje, necessitamos de melhorar as nossas ferramentas de trabalho rumo à evolução. Perguntemo-nos o que queremos da vida, quais são os objectivos e metas a atingir, pequenos estádios evolutivos, quais as ferramentas mais eficazes e de que forma podem ser melhoradas. A palavra-chave é simplicidade, ninguém gosta de coisas muito complicadas, nem tem paciência para ler livros de instruções.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Qual é o teu super-poder?



Eu tal como muitos outros rapazes da minha idade cresci com o Universo Marvel e todos os seus super-hérois com os seus fantásticos poderes que tanta inveja despoletavam nas jovens mentes dos petizes. Na verdade, eu acredito tal como o marketeer Rui Ventura que todo o ser humano tem algum super poder (nem que seja um super poder de compra como no cartoon ao lado) que nos torna únicos e especiais.
Esta ideia do super poder é de facto uma maneira interessante de pensar o Personal Branding. Para descobrir os meus super poderes fiz uma análise SWOT, inicialmente por graça mas que se veio a demonstrar uma brincadeira muito útil em termos de auto-conhecimento, agora sei quais são os meus pontos-fortes e pontos-fracos tal como se fosse uma marca, definição de objectivos e quais as áreas em que tenho mais probabilidade de ter sucesso ou destacar-me.

Façam uma análise SWOT e conheçam as vossas Strenght (Forças), Weakness (Fraquezas), Oportunities (Oportunidades) e Threath (Ameaças), o que além de vos proporcionar um bom remédio para a falta de auto-estima, ajuda a entender que tipo de caracteristicas devemos melhorar, quais devemos destacar no Curriculum e para que empresas devemos enviar esse mesmo Curriculo apresentando o nosso producto (nós) como uma mais-valia para a empresa, no final de contas, quem é que não gostava de ter um super-héroi na sua equipa =)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Por mares nunca dantes navegados



W. Chan Kim e Renée Mauborgne do INSEAD (Institut Européen d'Administration des Affaires) publicaram em 2005 uma obra que intitularam Blue Ocean Strategy: How to Create Uncontested Market Space and Make Competition Irrelevant, na qual definiram aquilo que hoje conhecemos pela estratégia Blue Ocean.

Em que é que consiste essa estratégia? Basicamente os autores defendem que no mercado actual há duas formas de se ser bem sucedido, primeira (a mais comúm) associada à competividade, ao benchmarketing e a sangrentas batalhas por ser melhor do que os nossos concorrentes associada ao Red Ocean, segunda, baseada não na competição mas sim na inovação e na criação de novos mercados ou segmentos ainda não explorados, os Blue Ocean.

No Blue Ocean a competição é irrelevante uma vez que se trata de algo novo e ainda não testado, não estando ainda as regras da oferta e procura bem definidas. Assim, esta estratégia passa pela criação de valor, criação de novos espaços e inovação.

Sem querer cair no erro do anacronismo histórico, esta ideia faz-me recordar o ínicio dos Descobrimentos portugueses. Já nada havia para conquistar em território nacional, o que fazer? Que destino dar aos militares e filhos segundos deserdados do património paterno? Foi necessário rasgar o Oceano Azul em busca de novas terras, novos productos exóticos e novas gentes com quem estabelecer comércio ou nas palavras de Camões no Canto I dos Lusíadas:

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

Não é isto a estratégia Blue Ocean? Seremos nós portugueses do séc. XXI capazes de honrar os nossos antepassados e descobrir ilhas e terras desconhecidas nas brumas do mar oceano azul do mercado dando "novos mundos ao mundo"?

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Ted.com: Passar as ideias

Gostaria de contribuir para a promoção de um site extremamente interessante, www.ted.com, um site no qual várias personalidades das mais diversas áreas e idades falam ao mundo através da Internet, passando as suas ideias/opiniões.

Vale a pena conhecer

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Comunicar é preciso

Com a informação a crescer à velocidade da luz (ou quase) o segredo pode já não ser a alma do negócio. Tomemos como case study as últimas publicidades do Pingo Doce, nos quais um suposto funcionário convida consumidor a provar algum producto publicitando-o em jeito de confidência, isto é, revelando algum truque ou técnica de vendas que lesa o comprador assegurando que o PD não o faz, terminando que a célebre frase: É por isso que o Pingo Doce é o Pingo Doce.

Esta publicidade a meu ver é genial. Por um lado apela ao nosso imaginário colectivo do vendedor de bairro que se preocupava com os seus fregueses aconselhando este ou aquele producto. Por outro lado dá uma imagem de transparência à marca ao revelar segredos do negócio como por exemplo o "congelamento químico".

O Slogan é simples mas eficiente. Para aqueles que reconhecem valor ao PD, o PD é de facto "O PD", sem necessidade de mais explicações. O Pingo Doce é o Pingo Doce pela sua transparência e boa relação custo-preço, rematando com um simpático "Venha cá", um convite explícito a vir confirmar com os seus olhos o que está a ser relatadado.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

John Henry: Vencer a máquina



John Henry é uma figura semi-lendária do folclore norte-americano e um símbolo da luta do homem contra a máquina na Era Industrial. Reza a história que ninguém conseguia igualar John, um escravo libertado que trabalhava na construção dos caminhos de ferro, na força de braços e rapidez com que abria túneis com o seu poderoso martelo, era um modelo para os colegas e uma figura muito estimada pelo patronato.

Até que, um belo dia tudo mudou. Um individuo de sorriso fácil apareceu na obra com uma máquina perfuradora, muito mais potente e eficaz do que qualquer Homem, anunciava. John Henry riu-se daquela afirmação, como poderia um monte de metal suplantar-se ao corpo humano, tossiu ao de leve e apontou com ar ameaçador para o industrial desafiando-o a provar o que dizia, para tal ele, John Henry iria competir com a máquina na abertura de um túnel através de uma montanha.

Assim foi, no dia e hora aprazada os dois adversários iniciaram o seu lavor perfurador. Ao inicio a máquina adiantou-se mas rapidamente John tomou a dianteira, depois a máquina aproveitou o cansaço do humano para avançar mas no fim, num esforço sobre-humano, John Henry atingiu o outro lado da montanha antes da máquina, morreu no instante mas tornou-se no símbolo para as gerações vindouras da luta do Homem pelo seu lugar no mundo.

É certo que uma máquina facilita muito a nossa vida mas será que consegue sonhar, criar ou recriar? Será que a máquina é capaz de despertar emoções? Não é a máquina que faz o Homem mas o Homem que faz a máquina.

Porque é que os cães não podem jogar poker?



A primeira lição de estratégia de que me lembro foi-me dada pelo meu pai num café do século passado duma aldeia perdida na Beira como diria o outro. Nesse café, em tudo igual a qualquer outro, um elemento se destacava, bem na verdade eram dois se contarmos com o facto dos proprietários não parecerem envelhecer...

Seja como for, o estabelecimento tinha pendurado numa das suas paredes um quadro que sempre me chamou a atenção. Trata-se de um suposto jogo de poker entre cães semelhante ao da imagem. Um dia o meu pai decidiu fazer-me a derradeira pergunta, tantas vezes repetida posteriormente quando me esquecia das lições daquela tarde longinqua: Filho, sabes porque é que os cães não podem jogar poker?

Porque são animais irracionais! Respondi. Sim, é verdade mas imagina que isso era possível, supõe tu que os bichos se conseguem sentar à mesa de jogo, beber, fumar e segurar nas cartas, o que é que aconteceria? Perante o meu olhar atónito, veio a resposta finalmente: Os cães não podem jogar poker porque quando têm um bom jogo denunciam-se ao abanar a cauda de alegria.

Assim é na verdade velho Beirão! Numa vida tão competitiva como a que vivemos não basta trabalhar para ter uma boa ideia ou mesmo desenvolve-la, é necessário não alertar a concorrência para as "cartas que temos na manga".

O livro "Arte da Guerra" advoga o mesmo príncipio: A guerra é a arte do engano. Por isso sempre que fordes capazes, parecei incapazes. Sempre que estiverdes prontos, aparentai não estardes. Quando estiverdes próximos, parecei distantes, e quando, estiverdes distantes, parecei próximos. Se o inimigo procura uma vantagem, fazei dela um engodo. Se ele for formidável, preparai-vos contra ele. Se ele for forte fugi dele. Se ele for colérico, provocai-o. Se ele for humilde, encorajai a sua arrogância. Atacai onde ele não estiver preparado, ide por caminhos que ele não imaginaria que ousásseis.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Banksy: Irreverentemente criativo





Se ainda não conhece Banksy, sente-se bem na cadeira, sofá ou cadeirão, desde que não esteja de pé porque as imagens que está prestes a ver podem ser chocantes. Banksy é o nome de combate de um artista urbano de Bristol,tão irreverente e controverso quanto genial, o seu curriculum de provocações inclui adulterar e vender 500 CDs da Paris Hilton em Londres, colocar uma estátua réplica de um prisioneiro de Guantanamo num parque de diversões Disney ou colocar no Metropolitan Museum réplicas adulteradas de quadros clássicos com direito a legenda explicativa.

Seguem alguns trabalhos Banksy

PS: vejam os vídeos deste artista no youtube, acreditem que não vão ficar indiferentes.

Pensa diferente, desenvolve o lado direito do cérebro

Durante séculos, pensou-se que o hemisfério esquerdo do cérebro era mais importante do que o direito pelo simples facto de controlar a linguagem e o pensamento lógico-racional, estando portanto por detrás de todos os trabalhos intelectuais. No entanto (este é o momento em que devia aparecer uma músiquita épica a criar suspense), o lado direito está activo e recomenda-se para viver melhor o dia-a-dia.

Por definição, as emoções, a criatividade e a expressão artistica tem origem no lado direito do nosso "órgão pensante". Para os que acham que este hemisfério é inferir ao seu congénere esquerdo, pensem novamente... Se o Homem fosse desprovido de emoções o que era da alegria, da amizade ou do amor? Se o Homem não tivesse sentido estético ou artistico o que era de obra máximas da arte mundial como a Mona Lisa, a Torre de Pisa ou o Taj Mahal? Pior, se a Humanidade não tivesse criatividade não teria conseguido inventar e inovar productos que melhoram a sua vida desde a roda à internet.

Dissem que aquilo que nos distingue dos animais é a capacidade para falar, não nego que seja uma diferença significativa mas eu encontro outra, a capacidade para criar e aperfeiçoar objectos. Os chimpanzés usam paus para apanhar formigas ou pedras para partir conchas mas jamais que se saiba criaram artefactos liticos como os nossos antepassados hominideos. Eis duas caracteristicas essenciais à humanidade a linguagem com origem no lado esquerdo do cérebro e a criatividade desenvolvida pelo lado direito do cérebro, a colocar algum equilibrio na importância dos dois hemisférios encefálicos.