segunda-feira, 18 de junho de 2012

Pai, para que serve a História

Certa vez o filho do eminente historiador francês da escola dos Annales Marc Bloch questionou o seu genitor sobre a utilidade da História. A pergunta fazia sentido dentro da lógica positivista vigente de que tudo tem que ser útil, rigorosamente cientifico e verificável, o pai Bloch ao que parece não soube responder de imediato à curiosidade do petiz, contudo veio a publicar um livro ainda hoje conhecido e intensamente lido por profissionais e amantes da historiografia como resposta a este "porquê" de uma criança, intitulando a obra "Introdução à História". Também eu tenho a minha visão e argumentos em defesa da História. Esta disciplina, cientifica ou não, deixo ao critério de cada um, serve o grande propósito de nos servir como ponto de referência enquanto Humanidade, dos nossos erros e logros, avanços e retrocessos, do como e do porquê, do de onde viemos e para onde vamos, o quem somos e o que desejamos ser. Milhões de anos de evolução nos conduziram até ao dia de Hoje, transportando cada em grau diferente atavismos primevos de ordem vária e ideias universais que o eminente psicólogo C. G. Jung denominou arquétipos do inconsciente colectivo. Muitas dessas imagens arcaicas, quizás a sua totalidade,identificas por Jung nas descrições, parafilias, sonhos e representações pictóricas dos seus pacientes só puderam ser interpretadas e correctamente entendidas através do estudo da História e de que forma cada civilização e época compreendeu essas imagens que se repetem e ganham uma carga simbólica distinta para cada um. Uma dessas imagens arcaicas mais conhecida e repetida é o da "energia materna", cuja representação mais antiga que conseguimos registar é a da "mãe ancestral" prenha nas estatuetas paleólicas ou fecundada enquanto Terra pelo Pai-Céu nas cosmogonias das civilizações pré-clássicas. Esta última imagem da ligação Terra-Céu será repetida por duas das mais conhecidas religiões da actualidade, uma o budismo com Maya (mãe de Buda) a sentir um elefante branco descendo do céu com uma flôr de lótus entrando-lhe no útero, outra a da anunciação pelo anjo Gabriel (elemento étereo) a Maria de Nazaré de que conceberia o Cristo. A História carrega assim o ónus da explicação, o dever de nos elucidar sobre a nossa evolução, recordando-nos grilhetas felismente numa larga parte do mundo quebradas como a escravatura ou a pena de morte. Conhecer a nossa História como seres humanos, a longa saga que se perde na noite dos tempos é colocar-nos em perspectiva meditando sobre a actualidade e de que forma erros antigos que julgávamos irradicados ressurgem tomando novas formas. Reflictamos sobre que caminho pretendemos seguir e se deveras estamos a avançar com a celeridade desejada, evolução é caminho que se faz diariamente a passo curto e demorado,patamar a patamar e degrau a degrau, devendo cada um tomar consciência de que "quanto mais largo for o estágio no patamar anterior, mais fortes permanecem os atavismos e mais dificeis as adaptações aos valiosos recursos que possa utilizar" (Madre Clara de Jesus).

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