sábado, 7 de julho de 2012

Quem matou Deus?

Deus está morto! Está é talvez a frase mais conhecida de Friedrich Wilhelm Nietzsche mas é também uma das afirmações mais mal-compreendidas e deturpadas da História por ser apresentada isolada do seu seguimento e desprovida de contexto. Para o leitor curioso e atento da obra "Assim falava Zaratustra" após a bombástica frase o filósofo assevera que fomos nós que matámos Deus. Ateu? Não me parece. Para o ateísmo Deus não existe simplesmente, para Nietzche Ele está morto, o que significa que viveu e portanto existiu. O Deus que o filosofo repudia é o Deus criado pelo Homem, fraco e mesquinho à imagem da criatura, o que é uma subversão uma vez que nós é que fomos feitos à imagem e semelhança da divindade. Para isso Nietzsche apresenta uma solução. Tendo nós agora consciência da grandiosidade de Deus e que portanto tem de estar para além do Humano e nunca classificado por palavras e fórmulas terrenas que só o iriam limitar, devemos procurá-lo para além da matéria, para além das convenções de Bem e Mal, para além enfim da humana condição, devemos buscar transcender-nos tranformando-nos no Übermensch, erradamente traduzido por Super-Homem quando literalmente significa "para além do homem". O Homem evoluíria portanto do animal até atingir o Ubermensch, que é no fundo uma consciência mais elevada de Si-Mesmo, do Universo e das suas potencialidades. Até aqui estou de acordo com o nobre pensador, contudo nenhuma evolução se faz sem ter um ponto de partida e outro de chegada ou meta, Nietzche era nihilista dizem, não cria no caos organizado, nem em teleologias, tudo porque não conseguia conceber a existência e intervenção de Deus como causa primária de tudo e finalidade da nossa caminhada evolutiva. É um caminho solitário mas também solidário, pois que o profeta Zaratustra após atingir a iluminação desce da montanha e começa a ensinar o que aprendera e de que forma podemos transcender a tosca massa celular embora nunca se admita uma outra vida para além desta. Deus está vivo! E é a peça que falta a Nietzche para completar o puzzle que o levou à loucura. Deus é Amor e nada há de errado em amar. Compaixão é um acto de coragem e a vida é verdadeiramente bela.