segunda-feira, 8 de abril de 2013

Os Corvos Amanhã e Nunca Mais

Vou falar de dois corvos bem conhecidos da cultura ocidental, o primeiro chama-se Nunca Mais (no original Never more) e aparece no poema de Edgar Allan Poe The Raven (O Corvo). Ora Nunca Mais é o tétrico emissário de uma dura mensagem para o autor, a pessoa que ele tanto amava, a doce e terna Eleonor morta recentemente não podia nunca mais ser encontrada. Tudo é fatal e eternamente duro na linguagem do corvo, nunca mais haverá descanso ou refrigério, nunca mais alegria, nunca mais sequer poderá ver a sua amada, de eterno só o sofrimento e a saudade. Se tal criatura me aparecesse à frente e para quem não sabe eu falo com os animais, dir-lhe-ia: Meu caro Nunca Mais, a morte não existe, é apenas uma passagem desta para a vida do espirito e devemos alegrar-nos por Eleonor já se ter libertado da dura prisão de carne que a prendia à Terra qual borboleta saída de duro casulo. Sempre a poderei ver, se assim for da sua vontade e com a permissão de Deus sem a qual nada se faz. Talvez não saibas Nunca Mais que as almas que se procuram sempre se encontram, é da Lei, não pode ser ludibriada. E outra coisa meu amigo, fica sabendo que eterno e imutável só Deus e nada mais. Portanto se não te importas toma uma cadeira que vou evangelizar-te como o irmão Francisco de Assis fez com os pássaros do seu tempo. O outro corvo de que aqui falaremos chama-se Amanhã. Conta-se que quando o soldado romano Expedito se decidiu converter ao cristianismo dando posteriormente a sua vida em martírio, um corvo lhe apareceu grasnando: Cras, cras (que em latim significa amanhã) sugerindo-lhe que posterga-se a sua conversão a Cristo, ao que o mártir respondeu: HODIAU, ou seja hoje. A conclusão que pretendo tirar destas duas estórias é a de que o Nunca Mais está enganado quanto a eternidade das penas e da morte e que o Amanhã pode ser vencido se assim o desejarmos com um rotundo HOJE.