quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Por mares nunca dantes navegados



W. Chan Kim e Renée Mauborgne do INSEAD (Institut Européen d'Administration des Affaires) publicaram em 2005 uma obra que intitularam Blue Ocean Strategy: How to Create Uncontested Market Space and Make Competition Irrelevant, na qual definiram aquilo que hoje conhecemos pela estratégia Blue Ocean.

Em que é que consiste essa estratégia? Basicamente os autores defendem que no mercado actual há duas formas de se ser bem sucedido, primeira (a mais comúm) associada à competividade, ao benchmarketing e a sangrentas batalhas por ser melhor do que os nossos concorrentes associada ao Red Ocean, segunda, baseada não na competição mas sim na inovação e na criação de novos mercados ou segmentos ainda não explorados, os Blue Ocean.

No Blue Ocean a competição é irrelevante uma vez que se trata de algo novo e ainda não testado, não estando ainda as regras da oferta e procura bem definidas. Assim, esta estratégia passa pela criação de valor, criação de novos espaços e inovação.

Sem querer cair no erro do anacronismo histórico, esta ideia faz-me recordar o ínicio dos Descobrimentos portugueses. Já nada havia para conquistar em território nacional, o que fazer? Que destino dar aos militares e filhos segundos deserdados do património paterno? Foi necessário rasgar o Oceano Azul em busca de novas terras, novos productos exóticos e novas gentes com quem estabelecer comércio ou nas palavras de Camões no Canto I dos Lusíadas:

As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

Não é isto a estratégia Blue Ocean? Seremos nós portugueses do séc. XXI capazes de honrar os nossos antepassados e descobrir ilhas e terras desconhecidas nas brumas do mar oceano azul do mercado dando "novos mundos ao mundo"?

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