segunda-feira, 25 de junho de 2012

Poder, com prazer ou com amor?

Três serão as principais conquistas a que o Homem almeja: poder, amor e prazer. Quando ao poder e ao amor sabemos que são incompatíveis desde que Maquiavel vaticinou que o Príncipe ou é amado ou temido e a História deu-lhe razão. Por outro lado o sentimento de prazer pode estar associado ao exercício do poder ou do amor, sendo o primeiro resultado de um estado patológico e o segundo denotado estádio evolutivo da consciência. Temos portanto que onde existir poder abusivo, repressivo ou castrador não cabe o amor porque o poder é uma energia que se nutre sozinha consumindo quem dele se apropria enquanto que o amor é uma simbiose e troca de energias que se engrandecem e tornam a criatura mais feliz, equilibrada e saudável o que por certo libertará grandes quantidades de serotonina e dopamina no corpo aumentando o sentimento de prazer. Todos os argumentos de força são cobardes. Quem necessita de constantemente afirmar a sua autoridade não a tem bem segura quer por neuroses obsessivas, quer porque consciente de que não é respeitado se tenta impor pela violência e pelo medo. Quando digo que o prazer derivado do exercício de poder é patológico refiro-me não só a estes problemas do foro psicológico mas também a um sadismo consciente ou inconsciente de se saber livre da dor que inflige a outrem. Explico melhor. Tendo presente que toda a criatura tenta libertar-se da dor dois são os caminhos: 1) o da compaixão, no qual a pessoa se sente responsável pelo bem-estar das outras criaturas não lhes infligindo sofrimento e tentando minimizar a dor que lhe advenha do exterior. 2) o da relativização, no qual a pessoa sente prazer ao constatar que há quem sofra mais atingindo proporções extremas quando existe uma necessidade mórbida de infligir dor e sofrimento a outrem para se sentir liberto da sua própria dor, na frase emblemática de Pier Paolo Pasolini no filme Saló: “já vê excelência como o supremo prazer é poder dizer para si mesmo, sou muito mais feliz do que esses desgraçados do povo”. Se rememorarmos as atrocidades perpetuadas por governos autocráticos ao longo do séc. XX iremos ver que de facto o amor não esteve presente, apenas o medo, infligido e disseminado pelas massas através de propagandas bem estruturadas embora falaciosas. As guerras, tiveram igualmente interesses egoístas portanto também não foram tocadas pelo amor. Será pois o poder contrário per si ao amor? De maneira nenhuma! O amor derruba barreiras entre as pessoas, estabelecendo pontes reconhecendo pontos de convergência e de entendimento. O amor é a mais poderosa força construtora de estruturas físicas e mentais para um mundo mais justo, fraterno e feliz. O poder é neutro, tornando-se bom ou mau consoante o juntemos ao prazer ou ao amor. O prazer é egoísta, buscando tão somente a fruição das suas necessidades e quem se lhe liga, o amor é altruísta desejando que o bem-estar chegue a todos os membros da sociedade. O prazer fica refém de interesses privados, preconceitos e mentiras, o amor tudo entende e compreende, corrigindo não condenando, atacando as causas primeiras da delinquência não os delinquentes. O prazer constrói barreiras, condomínios fechados, grupos privados e elitistas que se comprazem e se julgam superiores, o amor quebra muros unindo a sociedades comuns que a todos ajudarão. O prazer é castrador, o amor motivador. O prazer é efémero, o amor é para sempre…

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